quarta-feira, 12 de novembro de 2014


    

    Com uma faca no peito


   Há quase uma semana iniciei a leitura de ''Eu sou Malala'' escrito pela própria ganhadora do Nobel da paz deste ano. O livro relata a história da jovem paquistanesa que só queria continuar com o direto de frequentar a escola, mas o Talibã, uma espécie de defensores fanáticos do Islamismo que dominava seu país, proibiu as meninas de estudar alegando que elas deveriam cuidar de seus maridos e dos afazeres domésticos. Malala relata toda a situação, desde a criação do país, até os conflitos atuais, como também o atentado que sofreu por defender a educação de meninas como ela e que por um milagre não a levou a morte.

    Ainda não terminei a leitura, mas o relato dela é muito interessante e me deixou muito pensativa nos últimos dias, não só por mostrar uma imagem diferente da que estamos acostumados do Paquistão, de seu povo e da religião islâmica, como também por agradecer, mais ainda, diariamente pela minha vida, por ter tido acesso à boa educação, por todas as coisas que obtive com meu esforço e tudo o que ainda vou conquistar na vida.


      O que eu realmente quero falar com a história de Malala? 

  Muitas vezes não podemos nos considerar pessoas felizes perante a situação descrita no livro por Malala, pois há o risco de ficarmos chocados com os noticiários que exibem pessoas que agridem e eliminam os homossexuais, que roubam e cometem outros crimes e não são presas, dirigem alcoolizadas e destroem vidas inocentes, matam os pais, os filhos, os enteados, machucam crianças e animais, dentre outras barbaridades. Como no Paquistão, é como se vivêssemos uma guerra diária que pode nos causar mal estar, assim como outros sentimentos que rondam nosso organismo na correria da vida diária e que nos levam a adoecer e até desenvolver a depressão*. 

   A depressão é a sensação de como se estivesse com uma faca fincada no peito, arranhando seus sentimentos. É duvidar da sua capacidade, é perder a concentração, deixar de acreditar nos seus sonhos, é querer não ser vista, se achar horrível, ser uma incógnita perante os outros, não se sentir feliz com nada. Chega um momento que você se sente no direito de viver de novo, de respirar, de ser o que você era, de usar as cores que você gosta, de comer o que te sacia, de amar quem você ama, de localizar a identidade que você perdeu.
  Assim como Malala luta pela paz de seu povo e educação de todos, eu luto para me tirar a faca que fincaram no meu peito e que já começa a dar sinais que me deixará intacta. 

Continua...

* De acordo tudo o que li sobre depressão, a doença pode ser provocada por uma disfunção bioquímica no cérebro, com a diminuição de substâncias neurotransmissoras, a dopamina, a serotonina e a norepinefrina, responsáveis mais do que tudo, pela nossa sensação de bem estar (para informações mais precisas, peça para um médico explicar melhor).


Recomendo: Eu sou Malala : a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã  / Malala Yousafzai com Christina Lamb  - 1ª edição - São Paulo: Companhia das Letras, 2013.