A vida é muito mais que uma selfie, que uma foto da barriga chapada, que um post do look do dia no Instagram. É muito mais que a fulana beijando o fulano na balada, que as calorias contidas na embalagem de um produto, que o carro novo que seu vizinho comprou.
A vida de verdade é escutar aquela música que você ama no momento
certo, o cheiro do livro novo quando aberto no passeio à livraria, o descobrir
a caixa de cartas e revistas velhas guardadas e passar uma tarde descobrindo tudo
aquilo que estava guardado, com uma pitada de nostalgia.
A vida de verdade é ver a superação das pessoas que você ama, uma caminhada ou corrida num campo verde, o cheiro da chuva molhando o
mato, o entardecer de um dia ensolarado, colocar sentimentos no papel, dançar
trancado no quarto com a música alta sem ninguém para ver.
A vida de verdade é rir da tempestade no copo d’água que já passou,
rir do mico que pagou, do apelido de infância, do amigo imaginário, das
palavras erradas, do seu inglês péssimo, mas necessário.
É chorar de saudade das pessoas que se foram, das situações
que te emocionam, do final da novela mexicana ou turca, que mesmo com todo o
dramalhão tem seu conto de fadas.
A vida de verdade é comer um brigadeiro ou uma colher de
nutella sem culpa (mais que isso, vira ansiedade e não é bom).
Para que tudo isso aconteça, precisa voar longe, precisa ser
borboleta, livre, leve, solta, cheia de cor, ou neutra para se camuflar das
armadilhas diárias. Mesmo que a asa esteja amassada ou machucada, porque o vento
bateu forte, não importa, ela ficou assim porque passou pelo que tinha que
passar, porque viveu!