quinta-feira, 12 de março de 2015

A crise do quadril



   Dois sábados atrás, Karin Hils entrava em cena. Cantando sobre o paraíso com alguns atores, era possível ver entusiasmo e sorrisos na plateia do teatro Renault, que iniciava a comemoração dos 30 anos da Veja SP. Eu era uma das convidadas, balançando o pé ao ritmo da música enquanto verificava a largura do quadril da protagonista.

  Poucos dias depois, visualizei Kim Kardashian na TV nem aí para o tamanho do quadril que carrega e que as pessoas acreditam ser o máximo, não pela largura do quadril talvez, mas pela moda que ela dita e por ser casada com Kanye West, que na minha opinião, não é muito conhecido e admirado em nossas terras. Ela é a única mulher que conheço que valoriza seu quadril largo, usando o que não deve para fazer com que ele chame mais atenção que o normal.

  E eu, em crise desde que descobri (e nem lembro quem me disse isso pela primeira vez, mas obrigada por me frustrar desde então) que tenho ''o quadril largo''. Peças claras na parte de baixo não me valorizam, blusas com decote V alongam meu pescoço, pois dão a impressão de que sou mais alta, ou só trazem a atenção do quadril para o decote, blazer de cor escura diminui as laterais, vestidos ou saias rodadas disfarçam, dentre outros mil truques divulgados no mundo virtual e impresso e que já estou ''careca'' de saber. Uma colega de trabalho me dizia para deixar de ser besta, ''te valoriza e é o que caracteriza a mulher brasileira.''


   Vanessa da Mata foi a primeira mulher que escutei reclamar de uma forma bem humorada dos quadris quando uma calça jeans da adolescência não serviu mais. '' Achei que engordei alguns quilinhos, tentei a calça jeans que eu gostava, da época da minha adolescência, ascendência, sei lá... ou essa calça jeans é de infância, ou eu engravidei nos meus quadris''. A reclamação acabou quando passou por uma construção e ouviu um ''fiu fiu'', embora também estou ciente que a pessoa magra ou gorda se tem o quadril largo, vai ter que se conformar em ter o quadril largo. 


Já dizia uma amiga que o importante era perder a ''pelanca'' que saia da calça. Então partiu amar o quadril!