Ao longo do mês, alcanço ótimos resultados com medicação, terapia e minha força de vontade. Minha melhora é muito visível. Tenho poucas recaídas, dias que tenho vontade de não sair da cama (mas saio), que não quero frequentar locais cheio, ainda mais nessa época de compras de Natal (nesse caso não frequento ou saio correndo), que procuro roupas mais discretas para me vestir, que quero ser invisível, que me considero a pessoa mais anormal do mundo, que me odeio imensamente. Sei que tudo isso faz parte do tratamento, leva tempo e sou muito paciente, assim como me ajudo bastante e sempre tenho anjinhos para me ajudar, me aconselhar e me dizer para ter calma. Sofro também com os efeitos colaterais da medicação, a bula realmente não mente e os efeitos demoram para cessar. Tontura, enjoo, dor de cabeça, visão embaçada são os mais comuns no meu caso e dependendo do dia melhoram ou pioram, uma questão de costume mesmo.
Hoje me
deparei com a matéria da Folha de São Paulo '' Depressão já é a doença mais incapacitante''
(http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/12/1563458-depressao-ja-e-a-doenca-mais-incapacitante-afirma-a-oms.shtml),
ligando a doença com questão da incapacidade. Eu concordo pois é um dos sintomas
que tenho e não é culpa minha. É como se o meu cérebro bloqueasse as minhas
vontades de fazer as coisas, o alto astral, a minha produtividade, minha mente
criativa. Eu tenho mil e uma vontades como, ver um filme, colocar alguma coisa
no papel, ler livros, caminhar, conversar com alguém e meu cérebro responde ''
não, não vai, não pode, não vai dar certo''. O mais difícil é enfrentar o
bloqueio e infelizmente em vários momentos respeito e paro, sento, penso, fico
onde estou, não me mexo. Eu me considero uma pessoa criativa, mas não consigo
trabalhar a criatividade e ainda me cobro demais, talvez por isso demoro tanto
para produzir o que gosto e quero. O
cérebro diz para parar, que não tá bom, ninguém vai ler, ninguém vai gostar.
Foi durante
minha atualização de conteúdo diária que me deparei com a história do Paulo
Henrique, um homem de 47 anos que vive numa cama no hospital das Clínicas em São
Paulo com paralisia infantil (assista em http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2014/12/1563900-ha-46-anos-na-uti-paciente-cria-desenho-animado-assista.shtml).
Ele diz que a vontade dele de viver só aumenta, mesmo nas condições em que
vive, impossibilitado de andar, de sair da cama. O Paulo não acreditou em
incapacidade e criou um desenho animado relatando sua realidade e dos demais
doentes que conviveram com ele nas mesmas condições, o processo teve vários
impasses, principalmente financeiros, mas deu certo e é motivo de orgulho para
ele e para quem acompanhou.
Ansiedade,
tristeza, vontade de sumir, de não fazer mais nada são comuns, mas como tudo na
vida, não podem ocorrer em excesso. Nada é fácil, a medicação não faz milagre e
eu só estou vencendo essa incapacidade com minha força de vontade,
de viver de novo e de fazer as coisas valeram a pena.